sexta-feira, 30 de março de 2012

O gueto da Educação



Vai mesmo ter que ser...

Prestes a entrar no terceiro mês, dos cerca de 20 que me esperam até ao fim do curso, já perdi a conta às vezes que discuti a questão da indisciplina nas escolas. Fosse com os meus companheiros de curso, fosse com os meus professores, fosse com os professores dos outros, já deu mesmo para tema duma reflexão por escrito, no módulo que diz respeito à Língua Portuguesa, da professora Sandra Carvalho.

Entre várias coisas, e tendo muito em conta o que fui ouvindo, especialmente do lado do corpo docente, houve um ponto que desde logo me intrigou, e que me fez, precisamente, escrever esta nota. Não só pelo seu teor, mas principalmente por uma notícia entretanto colocada em circulação. Segundo o que pude entender, ao contrário do que se passava lá para o fim da década de 90, do século passado – bolas, estou a ficar cota... – o aluno que perturba a aula, nos dias que correm, já não 'vai para a rua'. A técnica, agora, é juntar os putos todos numa sala pensada para o efeito, durante o tempo previsto para a aula da qual foram expulsos.

Os pontos de interrogação começaram logo a borbulhar na minha massa encefálica, como de pipocas se tratassem. Qual é o professor que, no seu perfeito juízo, se voluntaria para comandar a turma dos desalinhados? Ou o pobre coitado é simplesmente nomeado? Se o é, qual o critério de selecção para tão nobre função? E estes profissionais da educação, têm algum tipo de formação extra, de forma a poder lidar, não com um, não com dois, mas com todo um regimento desses, que não têm lugar junto dos que 'sabem estar'? Ou estes são apenas depositados, transformando aquele espaço numa espécie de gueto? Será que lhes é atribuída, também, uma braçadeira que terão de usar desde que entram no estabelecimento de ensino, até que saem?

Duas palavrinhas: efeito prático! Qual? Onde está? Isto tem resultado? Sim, pelos vistos tem. Este método deve estar a funcionar tão bem, que o nosso Ministro da (des)Educação quer estender o programa aos maus alunos. Não chega segregar os mal comportados, há que separar também aqueles que não têm boas notas. Tenho-o dito muitas vezes e não me canso: Darwin, se pudesse estar hoje a estudar a evolução da espécie, de certo não acampava nas Galápagos, levava um saco cama ali para o Terreiro do Paço, e ia tirando umas notas. No país dos ricos, saudáveis, inteligentes e alinhadinhos com o sistema implantado, seja ele de que espécie for. Qual raça pura...

O argumento: exigência. O exemplo: as escolas privadas, que, pelo que pude saber, já o fazem em certas cadeiras. Não querendo ser preconceituoso, aqui separam-se, quanto muito, os bons dos muito bons. E ao que parece, na maioria dos casos, nem sequer se pode falar em separação, mas em aulas extra! De todo modo, não deixa de ser curiosa, a proveniência do exemplo... a medida é conhecida como 'Grupos de Nível'. De nível...!
Entre outras, parece que também está em cima da mesa o fim da componente cívica, no ensino secundário. É que isto da malta nem sequer votar, quanto mais cumprir os restantes deveres cívicos, dá um certo jeito, nomeadamente a quem tem presença assídua a cada sufrágio.

Bom, mas o meu compromisso foi o de escrever sobre a indisciplina, mas duma forma mais pessoal e personalizada, ao contrário do trabalho feito para o curso. Só não o posso fazer agora, porque estou precisamente... numa aula. E não vá eu ser enfiado na sala dos renegados, porque continuo a não saber estar, é melhor parar por aqui, e, um dia destes, farei uma versão mais agressiva de «O sistema de ensino sob o olhar dum indisciplinado de 30 anos».

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