sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Nem com Viagra, sr. Silva!




E não é que o homem quer mesmo aprender qualquer coisinha? Eu cheguei a pensar que ontem Cavaco Silva teria cancelado a sua visita à escola António Arroio a fim de contribuir para a natalidade nacional. Assustei-me, confesso (mais um(a)...!?), mas como não me acredito nessas teorias da conspiração que afirmam que o cancelamento se deveu a protestos que decorriam naquela escola, lembrei-me que talvez alguém lhe tivesse dado a resposta à questão colocada há uns meses: 'o que é que é preciso fazer para que nasçam mais crianças em Portugal?'. Mais tarde cheguei à conclusão que, dada a idade do Presidente, talvez tivesse receio de receber conselhos da juventude, e reparar que já não pode fazer muito pelo problema em causa. Ou pelo menos que não tenha pedal para os receber de jovens com as hormonas a explodirem por todos os poros.
Mas ele insiste! Desta vez à porta fechada, qual Loja Maçónica dos Ensinamentos Para o Sexo Reprodutivo, por-favor-não-protestem-quero-falar-de-bebés! É só para 'especialistas'. Chamou mesmo alguns internacionais, visto que esta 'especialidade', em Portugal, condiz com qualquer outra 'especialidade' tuga: baixa produtividade (será que aqui o segredo também passa por exportar?). Ele aparenta querer mesmo aprender a fazer bebés.
Mas o sr. Presidente da República ainda não percebeu que o segredo para a eventual prosperidade portuguesa está... em deixar de haver portugueses? Esta latrina, sobre a qual o sr. teve uma pesada influência nas últimas décadas, não é para ninguém! Se os números da natalidade em Portugal são preocupantes, retire as gravidezes indesejadas, retire as irresponsáveis, e faça uma contabilidade séria do problema. É que este não reside na falta de sexo, sr. Presidente... e desta, juro que falo com conhecimento de causa: 10 anos, sr. Presidente. 10 anos a viver em União de Facto e há uma (e apenas uma, lamento) testemunha fortíssima em como falta muita coisa lá em casa, mas sexo ainda não paga imposto, logo usamos e abusamos de tudo o que está isento de IVA ou IRS... filhos? Nem vê-los! E olhe que não preciso de juntar 'especialistas' num palácio em Cascais para saber como se fazem.
O desemprego, o oficial, não pára de aumentar – 14%, dizem eles. Os números da precariedade são ainda mais assustadores. O abono já nem encaixa na definição 'ridículo'. A forma como as mulheres são pressionadas, ou mesmo perseguidas, nos seus postos de trabalho... a obrigatória (e ilegal) pergunta 'tem ou deseja ter filhos em breve?' a cada mulher que vai a uma entrevista. A redução de ordenados, a facilitação dos despedimentos, blá blá blá, todos aqueles pontos assinados na última concertação social, que o sr. Presidente afirmou perante instâncias internacionais, que faziam inveja a muitos países. É preciso fazer um desenho, sr. Professor? Especialistas? Especialista é a Marta Crowford!
Nós temos uma tendência natural para falarmos das nossas reformas através de expressões como 'é o meu dinheiro, descontei anos para o ter lá'. Mas todos sabemos que isto não corresponde à realidade. A sua pequenina reforma é garantida por quem desconta actualmente (para não dizer que é pelos 78 mil M€ do tal 'empréstimo'). Porquê? Porque o sr. e os da sua geração derreteram tudo o que havia e não havia, e os cofres da SS estão cheios... de ar e vento! E agora, que começamos a ver que não vai haver quem garanta, por exemplo, o dinheiro que eu desconto todos os meses para pagar, por exemplo, a sua pequena reforma, precisamos de justificar à tal geração, a rasca, o que é que a outra geração, a 'no meu tempo é que era', fez à guita toda.
Engendramos aí um esquema (à porta fechada) para mostrar ao mundo a gigante preocupação que temos com a natalidade no país. Não sei como é que explicaremos o porquê desta preocupação, quando insistimos que a solução para a juventude é emigrar, mas depois fazemos outra conferência noutro palácio qualquer para discutir como é que eles voltam. Para mostrarmos que estamos muito preocupados. Não sou letrado. Leio pouco, muito pouco. Mas sei que Saramago um dia o classificou de 'génio da banalidade'. E esse não era ignorante. Nem lia pouco.
O sr. Silva não acredita «que tenha desaparecido nos portugueses o entusiasmo por trazer novas vidas ao mundo». Não, não desapareceu. O que apareceu agora foi a grande depressão dos portugueses aos quais lhes é cortado esse entusiasmo! E não é preciso ser-se especialista para perceber que este entusiasmo que murchou... nem com Viagra lá vai!

Sem comentários:

Enviar um comentário